quinta-feira, 23 de abril de 2015

Carta à comunidade UFSCar referente às eleições do DCE



Mandala, coletivo de diversidade sexual e livre orientação de gênero, vem por meio deste, divulgar à comunidade da UFSCar nosso posicionamento frente ao processo eleitoral do Diretório Central dxs Estudantes (DCE).
O processo democrático é uma construção histórica, conquistado com muita luta.  A UFSCar tem um passado de esforço por esse processo, isso fica claro pelo modo como são escolhidos a reitoria e as chefias de centro, departamento e curso. Esperamos que a democracia seja reforçada nessas eleições e que a comunidade UFSCar construa, junto à gestão do DCE, uma universidade pública, gratuita e de qualidade, livre de todos os tipos de preconceito e discriminação.
O Coletivo Mandala não apoiará nenhuma chapa candidata ao DCE, uma vez que dentro do nosso coletivo temos membros e apoiadores de mais de uma chapa, e que visamos a liberdade democrática de todos os integrantes. Assim, o coletivo optou por não sair em apoio a nenhum dos participantes do pleito. Todavia, cobramos de todas as chapas concorrentes o compromisso com a comunidade LGBT, apoiando suas pautas e lutando pelo fim do machismo, do racismo e da LGBTfobia dentro e fora da universidade.
Repudiamos toda e qualquer manifestação de transfobia que tenha ocorrido durante esse processo eleitoral, assim como qualquer outro ato de preconceito que ainda possa ocorrer. Nesse sentido, devido às denúncias feitas,  indicamos o NÃO VOTO na chapa Renovação, que tem se mostrado transfóbica e contra a liberdade LGBT. Outro fator determinante para esta decisão é que o Mandala acredita que o DCE deve ser multicampi, deste modo, não podemos apoiar uma chapa que não tenha um representante de Sorocaba, ainda mais sendo nós um coletivo sorocabano.
Como pauta de luta, a qual pedimos o apoio de todas as chapas, temos as seguintes revindicações:

1. Assistência estudantil LGBT: muitos jovens ao chegar na universidade e encontrar um espaço com maior abertura, ou por estar com mais maturidade e consciência do que sentem, resolvem assumir sua sexualidade e/ou identidade de gênero para a família, alguns desses jovens acabam sendo expulsos de casa, abandonados pela família e ficam desamparados para continuar os estudos. Sendo assim, se faz necessário que a universidade tenha um programa de assistência a LGBTs que se encontram nessa situação, garantindo moradia e alimentação a fim de reduzir a marginalização dessas pessoas cuja orientação sexual e/ou de gênero sofre ainda discriminação pela sociedade, condenando essas pessoas a situações de injustiça e opressão;

2. Implementação da normativa que permita a utilização dos banheiros por pessoas trans e não-binárias: uma das coisas mais simples da vida é a utilização dos sanitários, mas isso pode se tornar uma experiência horrível para pessoas trans ou não-binárias. Todo o desconforto é sempre proveniente da mentalidade transfóbica e discriminatória que não reconhece nem legitima as identidades trans e não-binárias. Para evitar violência e discriminação, essas pessoas devem ter garantido o seu direito de usar o sanitário que lhe deixar mais confortável e segura. A implementação de uma normativa que garanta essa liberdade de utilização dos sanitários é um passo adiante no processo de aceitação social dessas pessoas e sua identidade;

3. Apoio do DCE às atividades do Mandala e demais coletivos LGBT da Universidade: o DCE deve afirmar seu compromisso com todxs xs estudantes a partir de uma postura de apoio à diversidade sexual e de gênero, portanto deve encorajar e auxiliar de todas as formas possíveis os grupos e coletivos que se organizam para esse fim, demonstrando o apoio às nossas causas que buscam o bem-estar social e o fim das (LGBT)-fobias;

4. Campanha de prevenção DST/AIDS: O número de pessoas que vivem com HIV/AIDS tem crescido nos últimos anos, principalmente entre os jovens, independente da orientação sexual. A falta de informação e conscientização sobre os meios de transmissão das doenças ainda é o principal fator para o aumento do número de casos. Deste modo se faz necessária a existência de uma campanha constante para a informar aos estudantes, juntamente com a distribuição de preservativos masculinos e femininos.

5. Combate ao preconceito contra pessoas que vivem com HIV/AIDS: campanhas de prevenção não bastam. Vivemos em sociedade e com pessoas que levam suas vidas adiante mesmo com HIV/AIDS. Essas pessoas não devem sofrer discriminação por conta da sua condição de saúde, já que esta não influencia em todos os fatores da sua vida. Pessoas que vivem com HIV/AIDS podem seguir suas vidas normalmente e o DCE deve ter compromisso com a disseminação de informações a respeito, numa luta que seja pelo fim da discriminação, sempre.

Sem mais,
Coletivo Mandala - UFSCar campus Sorocaba
23 de Abril de 2015


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