quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Ser lésbica

Tenho 23 anos, sai recentemente do armário, sai recentemente de casa e sai finalmente da vivência heteronormativa que estava presa em mim.
Namorei homens e vocês podem falar : nossa, mas porque essa mudança repentina?
Sinceramente, não foi repentino, fiquei tempo demais presa  a sociedade, presa a querer sempre agradar minha família, presa a sempre fazer a vontade dos outros e esquecendo de mim a ponto de não ser mais eu.
O mais interessante desse processo todo é que quando se sai do armário, descobri diversas coisas sobre si mesmo que estavam tão guardadas e desconhecidas até então.
Tocar outra mulher, ver seu sorriso, compartilhar diversos momentos deliciosos e em momento pensar no que a sociedade falocêntrica impõe.
A mulher é moldada desde pequena a não ter prazer, nem em relações heterossexuais e quando você percebe e aceita que seu prazer é com outra mulher, surge diversos pensamentos confusos e a certeza de que: você vai se sentir sozinha, diversas vezes, pois nem sua família vai te aceitar.
Lésbicas são mulheres que vivem a mercê de todo um sistema moldado para o prazer do homem, e quando esse prazer não existe mais, elas também acabam não existindo, pois sempre são deslegitimadas e esquecidas.
A história narra poucas e ainda traz pouco de sua vivência, sem criar um grande cenário, como no caso de homens.
A mulher se torna guerreira, se tornar ciente de si em todos os espaços e por isso é tão importante a semana de visibilidade, pois, nós existimos, em todos os lugares.
Vocês podem nos apagar, mas sempre vai ter uma de nossas irmãs erguendo a bandeira do nosso amor, do nosso prazer e da nossa real felicidade.

Aceitem e sofram menos. 

Texto escrito por uma 
das companheira do coletivo
Obrigado!

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Retorno das reuniões do Mandala




Já temos data de retorno! \o/
Dia 13/08 às 18h na sala do DCE (ao lado da cantina na área de vivência). Contamos com a presença de todxs





terça-feira, 14 de julho de 2015

Sorocaba tem orgulho de mim?




Hoje fui ao shopping encontrar com um rapaz com quem já fiquei uma vez, comemos, conversamos, rimos, contei para ele os meus planos e ele os planos dele para mim, nos despedimos e fomos embora. Ao virar as costas para ele me perguntei o porquê não o tinha beijado, eu queria, ele queria, porque não nos beijamos? Qual o mal de um beijo entre duas pessoas em shopping?
Isso me incomoda profundamente, pois não tem placa, lei ou determinação legal que impeça eu de beijar uma pessoa em público, já beijei várias meninas, mas não consegui beijar o rapaz. São as boas e velhas regras não ditas e já internalizadas. Não se precisa dizer, por placas ou anunciar, shopping não é lugar para homossexuais, é local de família, no máximo no cinema, no escuro e escondido, em algum filme que não tenha possibilidade de ter crianças é que você pode beijar, contanto que ninguém se sinta incomodado, ninguém perceba e volte ao comportamento “padrão” após o filme.
Se já beijei em local público, sim, nesse mesmo shopping um dia após o cinema, mas o que me levou a não beijar novamente, a interdição dos corpos nos discursos não pronunciados. Não precisava dizer, eu sabia, ele sabia e todas ao nosso lado sabiam se homossexuais quiserem frequentar tem que se “comportar”. Escrevo como um ato de reflexão, como um ato de libertação, para na próxima vez eu não ter medo/vergonha de beijar, aquele espaço, assim como todos os outros existentes na cidade, também são espaços para minha sociabilidade. Se qualquer casal pode beijar lá, eu também posso.
Isso me faz pensar que muitas vezes as coisas não mudam porque não estamos dispostos a comprar certas brigas, de ocupar de forma tranquila, com naturalidade, os espaços que são nossos, de andar de mãos dadas no shopping, de beijar em publico, de trocar afetos em um restaurante, o que nós impede de fazer isso? O modo que nós amamos? Mas são os nossos afetos que nos levam a fazer isso, independente de qual seja o sentido dele, hetero ou homo.

Precisamos ter orgulho dos nossos afetos, de amar, de ser feliz, se Sorocaba tem orgulho de mim? Não sei, eu tenho orgulho da não viver mais no armário, de pode demonstrar os meus afetos, com esse orgulho vou quebrando aos poucos as barreiras sociais e pessoais que muitas vezes o impedem de ser mais espontâneos, mas meu orgulho de ser quem sou um gay, militante, feminista, negro e imponderado.